Capítulo 66

Luan Rafael

Vesti a minha melhor roupa e fui buscar minha namorada em casa. Fazíamos dois meses de namoro e não nos víamos a umas duas semanas, ou seja, a saudade era absurdamente grande. Como seus pais tinham viajado eu pude ir buscá-la em casa, dessa vez não tinha preparado nenhuma surpresa pra ela que implorou pra que eu fizesse isso, pois segundo ela, seria sua vez de me surpreender e eu mal podia esperar. Mesmo assim, comprei um presentinho pra ela.

Desci do carro e bati em sua porta. Encarei o céu e fiz careta, o tempo tinha fechado e acho que ia chover forte. Assim que ela abriu a porta se jogou no meu colo colocando as pernas em volta de mim. Fui entrando com ela ainda colada a mim. Ela desceu e me beijou depressa de um jeito que mostrava a falta que ela sentia.

-Que saudade- falou me dando vários selinhos enquanto segurava meu rosto.

-Eu também minha linda- falei puxando seu corpo pra mais perto e cheirei seu pescoço- Saudade desse cheirinho, desse perfume que cola na minha blusa e demora a passar- falei sorrindo e ela fez o mesmo com um sorriso mil vezes mais bonito que o meu- Ainda não está pronta?- perguntei ao encará-la de short e blusa casual.

-Não- fez bico - Estava terminando sua surpresa.

-Opa, pode começar- falei sentando em seu sofá e ela riu.

-Agora não. Me arrumo rapidinho, fica a vontade- falou e subiu as escadas saltitantes.

Fiquei ali na sala mexendo em seus jogos de vídeo game caçando um que me prendesse até que ela descesse de novo, escolhi um de luta e enquanto ele carregava decidi postar uma foto de nós dois.

Acredite, quando você vai embora metade do meu coração vai com você, não sei bem se é só saudade, mas acho que já faz parte de mim, e não vejo a hora de estar com você todos os dias da minha vida. Pois não importa quantas vezes eu olhe, e olhe em apenas um segundo, a cada uma delas eu me apaixono mil vezes mais. Te amo infinitamente. Feliz dois meses pra gente! @AnaJu

Li alguns comentários nos parabenizando e percebi que alguns fã-clubes já tinham postado textos e homenagens pra nós dois. De alguma forma elas descobriam que o pedido oficial ocorreu no dia do aniversário da Ana, e por isso, elas sabiam que exatamente hoje, fazíamos dois meses.

Ana desceu um tempinho depois. Esplêndida. Linda. Maravilhosa. Estava com um vestido branco que era decotado na frente e curtinho, alguns palmos acima do joelho.

-Uau- foi tudo que consegui dizer.

-Ficou legal?- deu uma voltinha e só assim percebi que ele também tinha uma abertura generosa nas costas.

- Linda - Respondi sentindo o ar que eu respirava falhar, sem nenhum drama- Eu sou o cara que tem mais sorte no mundo inteiro.

-Bobo- veio caminhando até mais perto- Amor, eu acho que não quero ir jantar naquele restaurante- falou me encarando e eu fiquei sem entender. - Tá chovendo muito lá fora, o que acha de ficarmos aqui?

-Mas você se arrumou todinha.

-Me arrumei pra você gatinho- me deu um selinho- E, como eu já sabia que ia chover, fiz uma jantinha pra gente.

-Você armou tudo ein danadinha- sorri a puxando pela cintura.

-Sim, vamos comer?

-Vamos.

Ela me puxou pela mão até a sala de jantar. Eu fiquei de cara quando entrei no local que era ilumidado por velas, a mesa estava toda organizadinha cheia de coisas que eu amo, inclusive pamonha.

-Amor do céu, tem até pamonha.

-Sim, providenciei tudo que você gosta. Frango com quiabo, arroz com pequi, polenta, carne assada que eu incomedei- riu colocando o cabelo atrás da orelha- Creme de abacate e pamonha- falou apontando pras coisas que estavam na mesa- Só não sei se essa mistura vai fazer bem- riu me encarando.

-Rapaz vai fazer bem demais.- a puxei pela mão chegando mais perto da mesa.

Começamos a comer e ela perdia mais tempo me admirando do que comendo. A comida estava uma delícia e eu me acabei só no jantar. Mesmo assim achei um espaço pra sobremesa e comi a pamonha e o creme de abacate junto, aquilo me daria uma dor de barriga enorme, mas eu nem liguei.

-Eu tô explodindo.- confessei  e ela riu.

-Você gostou amor?

-Demais, estava tudo uma delícia, se eu conseguisse comeria tudo.

-Que bom. Agora vamos lá no meu quarto pra eu pegar o seu presente.

-Faz assim,  vai subindo que eu te encontro lá em cima- falei e ela sorriu indo na frente. Antes de encontrá-la fui até o carro pegar o que eu tinha comprado.

Cheguei no quarto e ela estava sentada na cama com um embrulho nas mãos, era uma caixinha preta com um laço vermelho em cima.

-Não era pra você comprar nada- ela sorriu sem jeito e eu sentei em sua frente.

-Mas você merece amor- entreguei pra ela- Abre.

Ela pegou o embrulho e abriu rindo logo em seguida. Era um conjunto de lingerie muito ousado que eu imaginei ela usando por semanas, meu amigo chega pulsava de desejo.

-Obrigada.

-Você disse que não queria presente, então te dei um que é mais um presente pra mim- sorri sapeca e ela assentiu.

-Ok, vou aceitar então. Agora abre o meu- me entregou a caixinha e eu abri me deparando com um terço de ouro, muito lindo.- Você me deu esse colar como proteção- disse se referindo ao colar que tinha lhe dado - E eu queria te dar um também- ela pegou da minha mão e veio pra trás de mim colocar no meu pescoço.

-É incrível , eu amei.- coloquei minhas mãos em cima da dela e logo ela me deu um beijinho no pescoço que me fez arrepiar.- E agora, o que vamos fazer?- perguntei me virando pra ela que ficou no meio das minha pernas ainda de pé.

-Agora vamos ficar agarradinhos porque tô com frio- ela falou se jogando em cima de mim.

-Sou um ótimo esquentador de mulheres- falei e ela riu.

Nos ajeitamos na sua cama embaixo de uma coberta onde eu usei e abusei das minhas mãos bobas enquanto víamos um filme de ação. Ela não me impedia e pelo contrário, também passava a mão em mim. O filme acabou e ela me olhou de lado.

-Sabe o que seria bom agora?- falei e ela negou- Chocolate quente.

-Amor do céu, do tanto que você comeu ainda cabe alguma coisa aí?

-É só um leitinho quente, é que combina com esse friozinho gostoso.

-Ok né, vou fazer. Mas não sei se tem achocolatado, aqui ninguém toma.

-Pode ser café com leite também.

-Ok, já volto- me deu um selinho e foi preparar o que eu tinha pedido.

Minutos depois ela entrou com duas xícaras em uma bandeja, colocou em cima da cama e se sentou do meu lado.

-Tá bem quentinho- falou me entregando uma xícara e pegando a outra pra ela.

-Que delícia, você que fez o café?- perguntei depois do primeiro gole.

-Não, tinha um pacote de capuccino e foi mais rápido.

-Olha só- ri e lhe dei um selinho.

-Amor, ainda tenho uma surpresa pra você.- falou sorrindo de lado e eu a encarei.

-O quê?

Ela levantou da cama e pegou o seu velho violão. Meu coração começou a bater forte no mesmo instante mal acreditando que outra vez ela cantaria pra mim. Eu amava a ver cantando, amava ouvir sua voz, amava o jeito que ela tocava. Ela quebrava minhas pernas toda vez que fazia isso, e eu definitivamente me apaixonava cada dia mais...