2 de junho de 2015

Capítulo 116

Ana Julia

Eu passei a minha infância inteira imaginando como seria se meus avós me aceitassem, se eu seria mimada, se teria tudo que eu quisesse. Minhas amigas da escola sempre falavam que amavam ir para casa das avós pois comiam muita besteira e ganhava um monte de coisa. Cresci ouvindo que casa de avó era como castelo, onde você se sentia uma verdadeira princesa, mas... eu nunca tive isso, e,  por mais turrona que tenha crescido isso sempre foi algo que desejei "saber o gosto". E agora estava ali, na casa da minha avó. Senti meus olhos marejarem na mesma hora.

-Amor? - Luan segurou em meu braço.

-O que você fez? - abaixei minha cabeça.

-Não fica brava comigo, eu só queria ajudar.

Nesse mesmo instante a senhora voltou da cozinha, com uma bandeja nas mãos. Parou na minha frente e sorriu carinhosa oferecendo uma xícara de café.. Peguei mesmo tremendo e tomei, estava quente e gostoso. Café de vó... sorri com a situação.

-Meu Deus, quanto tempo eu perdi - ela se sentou na minha frente e eu sorri sem jeito.- Você tem cara de que deu muito trabalho pros seus pais - sorriu segurando minhas mãos, me arrepiei aos sentir suas mãos enrugadas sob as minhas.

-Fui uma criança levada - confessei me sentindo mais a vontade.

-E pra esse menino aí? Deu muito trabalho? - olhou de canto pra Luan.

-Deu viu, oh muié difícil. - Luan falou sorrindo.

-Personalidade forte? - perguntou.

-Muita, igual o pai - ele falou e senti ela ficar mais tensa, pois soltou minhas mãos e me encarou.

- Você me lembra muito ele - falou tomando um pouco de café.

-Sério? Primeira vez que escuto isso - sorri sem graça.

-Os olhos, a boca, o jeito de brincar com os dedos - olhou pra minha mão e na mesma hora olhei também. É verdade, eu mexia com os dedos como meu pai. - Me conta, o que aconteceu em todos esses anos?

-Eu me formei em designer de interiores e trabalhava como organizadora de casamento. Aí me casei a um mês e parei de trabalhar.

-E se casou logo com um cantor famoso - ela sorriu para Luan e eu dei de ombros.

-Dei muita sorte mesmo - segurei em sua mão e ele sorriu beijando meu rosto.

-Olha, eu não sei bem o que te falar, mas a gente se magoou com seu pai, na verdade foi mais por ter ignorado nossa opinião. A gente aceitaria o relacionamento mas o problema é aquela outra família - ela me encarou meio receosa, mas continuou - Eles eram arrogantes e acham que por terem dinheiro são melhores que os outros, e eu concordei com eles quando disseram que seu pai, não era homem pra sua mãe.

-Eu entendo.

-Só que ele ignorou nossa opinião e fugiu com ela, isso foi o fim pra gente. - me encarou mais carinhosa - Meu único erro foi não querer te conhecer.

-É... mas agora estou aqui - disse lhe encarando.

-E agora estou mais feliz. - sorriu voltando a segurar minhas mãos.


Infelizmente tivemos que nos despedir, Luan teria que ir logo para São Paulo, porém, eu estava me sentindo mais aliviada e realizada.

Quando passamos pelo portão esbarramos em um senhor, supôs ser meu avô. E era. Ele me olhou sem entender nada, me encarou dos pés a cabeça e quando sua ficha caiu ficou extremamente emocionado. Com ele só pude falar o básico mas eles me convidaram pra voltar depois com mais tempo. Minha avó prometeu que prepararia um monte de coisas gostosas. Finalmente eu ia saber o que era ser mimado por avós.

Luan Rafael

E tinha dado tudo certo, ou melhor, quase tudo, seria perfeito se os avós maternos topassem conhecer a neta também.

-Missão cumprida, cara - Rober disse pegando no meu ombro enquanto observávamos Ana despedindo dos avós.

-Quase, ainda não tá do jeito que eu queria.

-Vai insistir com aqueles mal educados mesmo?

-Insistir não, mas rezar pra que um dia me procurem.

Entramos na van para voltar para o aeroporto, ela estava com um sorriso lindo no rosto e virou-se para mim dizendo que estava sentindo algo muito bom dentro de si, isso me encheu de alegria instantaneamente.

-Amor, como achou eles?- ela perguntou me encarando.

-Tenho um amigo detetive.

-Por isso quis saber o nome deles aquele dia não é?

-Sim - confessei rindo.

-E... será que esse seu amigo não acha meus avós maternos também não? - perguntou animada e eu engoli em seco.

-A gente... a gente pode ver isso depois - a puxei pra um abraço que assentiu e se ajeitou nos meus braços.


A semana foi se passando calmamente. Ana ligava todos os dias para sua avó, elas estavam construindo uma relação afetiva linda de se ver e isso me fazia sentir saudade das minhas avós, saudade de Jaraguari, do bolo de cenoura com cobertura de chocolate, do arroz com pequi.... Contamos ao pai de Ana sobre o encontro e ele ficou abismado, talvez não acreditando. Pude sentir um certo receio, ele com certeza queria rever os pais também.

-Amor, o que acha de chamar seus avós para passarem um final de semana com a gente? - sugeri quando ela saiu do banho pronta pra se deitar.

-Posso ver com eles - sorriu animada.

-Aí a gente chamava seu pai... - ergui a sobrancelha.

-Será? - me olhou receosa.

-Eles vão estar na nossa casa, qualquer coisa estamos aqui pra ajudar.

-Olha amor, você até que pensa as vezes.

-Engraçadinha - puxei ela pra cima de mim que começou a beijar meu rosto e foi descendo até o pescoço.

-Hum safada, tá querendo né?

-Muito - mordeu minha boca começando um beijo quente. Logo nossas roupas estavam espalhadas pelo quarto junto com nosso amor exalando.


Dona Maria e Seu Olavo aceitaram nosso convite de passar um final de semana conosco, os pais da Ana também aceitaram o desafio de aparecer ali. Eu estava com uma sensação boa, de que tudo daria certo. Eu e minha esposa fomos buscar os dois no aeroporto e meu coração quase transbordou de alegria ao ver Ana abraçar a avó com tanto carinho, como se todos os anos não tivessem feito diferença alguma. O avô, era mais na dele, porém cumprimentou a neta com um abraço também.

Fomos até minha casa conversando sobre a viagem que segundo dona Maria tinha sido difícil, já que o seu Olavo ficou com medo de voar.

-Não era medo, só disse que podíamos vir de ônibus.

-Mas de avião demora menos seu Olavo - lhe expliquei e ele resmungou.

-Não gosto dessas coisas que voam, isso é um perigo - disse nos fazendo rir.

Quando parei em frente a nossa casa olhei pra Ana receoso,  era agora, a hora do encontro entre pais, e filho.

Ajudei seu Olavo com as malas e Ana foi guiando eles até dentro de casa. Quando a porta se abriu Jonas apareceu, nervoso, com o olhar amedrontado. Dona Maria abriu a boca e começou a chorar, seu Olavo por outro lado colocou a mão no peito, fiquei com medo dele ter um infarto e corri parando ao seu lado.

-Tudo bem com o senhor?

-Eu já imaginava que isso ia acontecer - falou segurando o choro.

-É o seu filho seu Olavo, tudo que vocês tem agora.

-É um cabeçudo, isso sim! - falou rindo indo em direção ao filho onde o abraçou, pegando meu sogro desprevenido, completamente surpreso.

Eu abracei minha esposa que olhou a cena emocionada, chegou a virar o rosto pra chorar. A emoção foi  ainda maior quando a mãe de Ana apareceu e os cumprimentou. Ficaram os quatro se abraçando, chorando sem explicação, tentando recuperar o tempo que tinham perdido.

-Eu te amo, obrigada por tudo - Ana falou se agarrando mais a mim.

-Eu não fiz nada.

-Você fez tudo - ela selou nossos lábios e enfim entramos em casa.

O churrasco ocorreu normalmente, fui ajudar meu sogro com as carnes pra que ele fosse conversar com os pais. Ouvi de longe ele falando sobre o que tinham feito da vida e como tudo tinha mudado. Olhei minha sogra de lado e vi que ela ainda estava emocionada, enquanto cortava os legumes. Poderia ser diferente se os pais dela não fossem tão difíceis. A campainha tocou e eu estranhei, devia ser maus pais, já que eu não tinha autorizado a entrada de ninguém até minha casa.

-Eu vou abrir - Ana disse indo em direção a sala.

Virei as carnes na churrasqueira e encarei a porta. Quem será que tinha chegado? Por que estavam demorando a entrar? Coloquei o garfo no prato ao lado e fui até a  sala ver quem era, parando no meio do caminho. O que eles estavam fazendo ali?

Notas da Autora: 
Quem será que chegou? Esses reencontros vão trazer surpresas, só que elas podem dar certo, ou não.. Enfim, vocês vão entender. Beijos.

PS: Comentários respondidos.

18 comentários:

  1. Eu to chorando, de verdade, que coisa mais linda :') eu nem sei o que comentar, estou sem palavras. quero mais, pra ontem, beijos

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    1. Oh minha linda, que bom que consegui tocar seu coração. Bjs

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  2. Meu forninho caiu, preciso de mais caps.
    continuaaaaaaaaa

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  3. Capítulo emocionante esse viu moça, gostei de mais que pelo menos com eles tudo tenha dado certo. Não sei, mas imagino que sejam os avós dela e agora quero muito a continuação pra saber como vai ser justamente por causa da arrogância!
    Continua pra gente, Gii?

    Beijão!

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    1. Gostou? Será que tem mais avós aparecendo? Vamos ver agora!!

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  4. Continua por favor , acho que são os avós maternos dela e agora o que vai acontecer, anciosa pelos próximos capítulos.

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  5. Aii, estou super curiosaaa.. Posta mais Gih!

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  6. Nossa gi você m3 fez derramar muitas lágrimas.
    Acho que os avós maternos da Ana estão dando as caras .
    Beijos e quero mais

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  7. que coisamais linda gih nossa me emocionei de vdd que é o avos maternos da ana e vai rolar confusão
    cont
    cátia

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    1. Linda! Será que são eles? E se for, será que vai ter treta? kkkkkk Vms ver

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  8. Acho q tem mais avós chegando ai... continua

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  9. Lindo cap emocionante também. Mas agora apareceram uma visita e são os avos maternos de Ana. E acho que esse encontro não vai sair nada bem. Poderia ate ter dado certo se so fosse o Luan e a Ana. Bom vamos ver no que nisso vai dar. Querooo maisss. Beiijokas!

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    1. Só por milagre né? Ou uma senhorazinha especial kkk opaaa. Vamos ver!

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