28 de maio de 2015

Capítulo 114

Luan Rafael

Algumas coisas rodavam em minha cabeça nas últimas semanas sem parar e eu sentia que precisava fazer algo a respeito dos avós de Ana, sentia que essa barreira tinha que ser quebrada. Mas,  ao mesmo tempo tinha medo de me meter em algo que não me dizia respeito. Mas como não? Ela era minha esposa e eu queria o melhor pra ela, e na minha opinião, o melhor era esse conflito ser resolvido. Mas, e se não fosse? Ela sobreviveu com isso por tanto tempo. Se isso lhe fizer mau agora? Eram tantas dúvidas, tantos prós e contras que afetaria ela, e só ela, ou positivamente ou negativamente.

Sentei na cama e encarei o celular, eu conhecia uma pessoa que acharia seus avós pra mim fácil, só não sabia se deveria mesmo me meter nisso. Em meio aos meus pensamentos nem vi quando Ana entrou no quarto.

-Ei, tá aí?- estralou os dedos na frente da minha face.

-Ah... oi gatinha.

-Tudo bem?

-Tá sim - sorri - Ainda não está pronta?- perguntei ao ver que ela estava de pijama, com um hobby por cima.

-Então... vim te falar que dessa vez não quero viajar, tô me sentindo meio mal.

-Mal como?- perguntei preocupado.

-Tô meio dolorida, coisa de menstruação que tá pra vir.

-Tudo bem - a segurei pela mão e fiz ela sentar no meu colo - Mas não sei se consigo ficar 5 dias longe de você.

-Lógico que consegue, você tem que tirar umas férias de mim  mesmo - ela riu se divertindo e eu neguei.

-Não quero tirar férias de você nunca - beijei seu pescoço.

-Mas vai passar rapidinho, você vai ver.- beijou meu rosto.

-Se precisar de qualquer coisa liga lá na minha mãe.

-Pode deixar. - sorriu e então meu celular vibrou avisando que eu tinha que ir.

Me despedi da minha esposa e fui para o aeroporto. Não seria bom ficar longe dela tanto tempo, mas em compensação daria tempo de eu resolver o que eu estava querendo, porém, ainda estava em dúvida. E agora? Vou ou não vou atrás dos avós dela?

Entrei no jatinho e voltei a encarar o celular. Meu Deus, que dúvida cruel.

-Que foi boi? Tá pensativo. Chegou quieto.

-Não sei o que eu faço, testa.

-Em relação a quê?

-A vida da Ana.- relutei um pouco em contar mas ele era meu amigo e podia me ajudar - Ela me contou recentemente que seus avós não aceitava o namoro de seus pais e então eles fugiram.

-Nossa. Mas eles não foram atrás?

-Não, e também não quiseram mais saber de nada que fosse sobre os dois, inclusive.. Ana.

-Caramba, que situação.

-Mas eu não acredito que um coração seja tão duro a esse ponto, de não querer conhecer a própria neta, sabe?

-E o que quer fazer?

-Achar os quatro e convencer eles a conhecerem a Ana.

-Mas isso parece meio evasivo demais, não acha?

-Sim, eu acho. Mas e se for bom?

-Uai cara, você pode arriscar. Se eles aceitarem vai ser bom sim, se não...

-Aí eu finjo que nada aconteceu e Ana não precisa saber que fui atrás.

-Isso.

-Então você acha que devo ir atrás disso?

-Acho sim cara. Se não isso vai te perturbar.

-Já tá perturbando - confessei me encostando no banco.

Assim que cheguei no Rio de Janeira mandei uma mensagem para o meu amigo detetive, ele disse que me encontraria no hotel em minutos. 

Quando ele chegou, lhe expliquei de cara toda a situação e ele disse que não seria problema achá-los se eu conseguisse o nome completo e o local onde cada filho tinha nascido, porque assim ajudaria bastante. Mas como eu descobriria isso?

-Cara, como eu faço isso?

-Identidade dos pais da Ana.

-Mas ela não sabe que tô atrás deles e se eu perguntar ela vai desconfiar.

-Preciso de alguma dica Luan, você não sabe nem o nome deles - ele falou e eu me retraí, isso seria mais difícil do que eu pensava,

-Vou tentar descobrir algo - peguei meu celular e liguei pra Ana que me atendeu no segundo toque - Oi gatinha, cheguei viu?

-Ok, já tá no hotel?

-Estou sim.

-Que bom.

-Amor eu tô encucado com uma coisa.

-Que coisa?

-O nome dos seus avós, você sabe?

-Por que quer saber disso agora?

-Sei lá amor, tava aqui sem fazer nada e comecei a lembrar de tudo que me contou.

-Esquece isso Luan...

-Só é uma curiosidade.

- Maria da Glória e Olavo são meus avós paternos, minha avó materna chamava... nossa não lembro- ela riu sem jeito - Sei que é o nome de um filme que falava de uma comunista casada com aquele cara lá, o Luiz Carlos Prestes..

-Olga?

-Isso, Olga, e meu avó era o Osmar.

-E onde seus pais nasceram?

-Minha mãe em Goiânia, e meu pai no Rio. Por que tantas perguntas, amor?

-Ah gatinha, curiosidade mesmo. Hoje acordei lembrando disso.

-Então esquece tá bom? Vou desligar porque sua irmã chegou.

-O que tão aprontando?

-Nada demais, só vamos ver uns filmes e comer besteiras.

-Então tá bom, beijos. 

-E aí? - o meu amigo perguntou.

-Descobri os primeiros nomes, acho que se ligarmos aos sobrenomes dela a gente descobre.- peguei o papel onde tinha anotado os nomes e lhe entreguei - O problema é que cada um passou um sobrenome pra ela, ou seja fica sobrando sobrenome de outro.

-Mas se a gente achar pelo menos as mães ou os pais deles, a gente acha os outros.

-Verdade.

Passamos um bom tempo ali juntando as únicas pistas que tínhamos e ele saiu me deixando com pelo menos 40% de esperança. 

Horas mais tarde, depois do meu show, recebi uma mensagem de que ele tinha achado o pai do seu Jonas e que eles ainda moravam no Rio. Aquela notícia caiu como um balde de alegria e esperança em cima de mim, no dia seguinte mesmo eu o procuraria.


Amanheceu, comi alguma coisa e fui me arrumar. O detetive continuava atrás dos avós maternos da Ana mas já tinha me mandado o endereço e telefone do avô paterno. Meu coração batia acelerado enquanto estávamos a caminho, misturado ao medo, o mesmo medo de estar me "metendo demais".

Quando a van parou pedi pro Rober descer e ver se tinha alguém na casa. Logo uma senhora apareceu, andava devagar e trazia um sorriso sincero no rosto. Senti saudade instantânea da minha avó Manuela e Ivanir.  Observei Rober conversar com ela que não esbanjava nenhuma reação, e eu nem sabia o que ele estava conversando com a senhora, eu tinha dito apenas para ele ver se tinha gente em casa,

-Vamos lá?

Ajeitei a touca e desci, no mesmo instante ela ficou boquiaberta.

-Oh minha nossa, é o Luan Santana.- ela disse e eu sorri.

-Será que posso entrar?

-Mas é claro, fique a vontade.- abriu o portão pra que eu entrasse.

-Seu esposo está?

-Sim, está assistindo televisão.

-Queria conversar com vocês.

-Claro, fique a vontade - disse super gentil e me conduziu até sua casa.

Quando entrei na sala observei de longe um senhor de cabelos brancos sentado em uma poltrona concentrado num programa que leiloava bois.

-Oh de casa - chamei sua atenção e ele me olhou pasmo.

-Você não é aquele cantor?- perguntou assustado e eu assenti rindo.

-Sim, vim conversar com vocês dois.

-Sobre o quê?- ele perguntou ainda assustado e eu ri.

-Calma Olavo, deixa o menino se sentar primeiro - a senhora disse gentilmente - Aceita um café? Suco?

-Não obrigado, acabei de tomar café da manhã - sorri.

- Pois então Luan, no que podemos ajudar? - ela perguntou se sentando ao lado do marido.

-Bom... não sei direito como começar. - olhei a casa em volta, era simples, bem humilde.

-Moram aqui a muito tempo? - perguntei e a senhora assentiu.

-Na verdade viemos da Bahia faz mais de 30 anos, achamos que aqui a gente conseguiria viver melhor.

-E conseguiram?

-Ora, agora sim, porém o começo foi bem difícil.

-E são só vocês dois? Não tem filhos?

-Tivemos dois, uma morreu e o outro... tá sumido no mundo - a senhora era a única que falava, o senhor por outro lado apenas me encarava.

-Sumido?- perguntei e ela deu de ombros.

-Longa história..

-Ora cantor, você não veio aqui para saber da nossa vida, veio? - o senhor enfim me perguntou.

-Na verdade um pouco - engoli em seco. - Conheço o filho de vocês - falei receoso e eles me encararam surpresos. - Jonas não é? Ele é o meu sogro.

-Espera, está dizendo que...

-Sim, sou casado com a neta de vocês. - falei com calma

- E o que temos a ver com isso? - o senhor outra vez me perguntou.

-O mais óbvio, queria que conhecessem a neta de vocês.

-Não quisemos a conhecer quando era bebê, quem dirá agora...

-Seu Olavo me desculpe a insistência, mas é a sua neta.

-O problema não é ela, é o pai dela. Ele fugiu, ignorou nossos conselhos e nos deixou aqui sozinhos. Isso eu não perdoo - ele falava raivoso enquanto sua esposa o olhava com receio. Percebi que por ela, já teria conhecido a neta à tempos.

-Eles se amavam, queriam ficar juntos.

-Mas não nasceram pra ficarem juntos.

-Não estou aqui pra pedir pra verem o filho de vocês, quero apenas que conheçam a neta - falei juntando minhas mãos encarando o chão - Eu perdi meus avós muito cedo - comecei a desabafar - Eu sou cantor famoso agora, mas nasci em Campo Grande, lá no Mato Grosso do Sul e vivi boa parte em uma cidadizinha chamada Jaraguari. Minha avó cuidava da casa com muito zelo e lá tinha um quartinho bem pequeno que a gente jogava vídeo-game - falar aquilo estava me deixando engasgado, com uma louca vontade de chorar, mas eu sentia que tinha que continuar. - Eu nunca me esqueci disso. Trocaria tudo pra ter eles comigo de novo.

-Sinto muito - Seu Olavo falou.

-Tudo bem. Isso passou e eu não posso fazer nada pra voltar. Mas é diferente, vocês estão aqui, vivos, e Ana também. Não desperdicem essa chance.

-Ele tem razão - Maria voltou a falar. - Não custa nada, e é o que sobrou da nossa família além do Guilherme.

-Tudo bem cantor, você venceu. - ele disse depois de pensar por um tempo - Quando vamos conhecer essa Ana, aí?- perguntou.

-O mais rápido possível, só  preciso entrar em contato com os avós maternos dela também.

-Aqueles ali nunca vão aceitar conhecer a menina - seu Olavo falou com desdém.

-O senhor parecia que não ia aceitar também - disse convicto e sorri.

-É cantor, gostei de você - ele riu, pela primeira vez desde que cheguei ali.

Voltei para o hotel me sentindo melhor, uma parte do meu plano tinha dado certo. Agora era encarar a outra, que eu já tinha certeza que seria mais difícil. A questão era que, agora, já não tinha como voltar atrás, eu iria até o fim com isso. E dane-se o medo, dane-se tudo. Eu sentia, bem lá no fundo, que isso faria bem a pessoa que eu tanto amava.

Notas da Autora:
Uiaaa, ficou grande esse capítulo e emocionante até... imagina o desenrolar disso tudo. 
Eu sei que não estou postando com frequência mas é que tá corrido e além disso, quando eu entro aqui, vejo poucos comentários e fico desanimada.
Quando você abre e vê que tá todo mundo comentando e gostando você sente que tá fazendo a coisa certa e se sente até pressionada a postar com pressa, o que não acontece quando os comentários são poucos. Bate um desânimo, ainda mais quando você não tem tantas ideias mais... Enfim, saber a opinião de vocês é importante demais. Pelo menos agora sei o que vou fazer e garanto, vai surpreender. Eu espero. Preparem-se pra fortes emoções. Beijos.

PS: Comentários respondidos.



31 comentários:

  1. Continua perfeito, tomara que o Luan consiga convencer a todos e que tudo de certo.

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  2. Ameeei, hahaha
    Super curiosa pra saber no que vai dar com os avós maternos hehe 😱😱
    Tomara que Luan consiga!
    Continuuuua, Ta demais 😍😍😍

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  3. Socorro gente! Vamos continuar isso ai, porque vem treta hein! Adoro! Haha!

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  4. Estou preparada para todas as emoções amo demais essa fic hahaha

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  5. Tomara que o Lu consiga convencer os outros avós também. Amei esse capitulo, continua Gih !

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  6. Nossa fiquei curiosa agora.
    Acho que a família da mãe não vai aceitar ela.
    continuaaaaaaaa

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  7. Aaaaaah qe fofo, eu só espero que a Ana não pire com o Luan uhasuhasu e acho que a familia da mãe nõa vai aceitar mesmo hahah continuaa

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  8. Quero um marido desse pra mim. Nossa gih tomara que a Ana não fique com raiva do luan pois ele só queria ajudar.
    Quero mais. Beijos.

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    1. Eu tbm queria, será que ainda acha desses por aí? lkkkkkk
      Será que ela vai ficar com raiva?

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  9. nossa que bom que avos paternos dela aceitaram conhecer ela mas acho que os maternos n vai ser facil assim cont
    cátia

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  10. Também fiquei com receio de Ana não gostar do Luan se metendo na vida dela. Mas ainda bem que os avos paternos aceitaram conhece-la. Agora falta so os maternos que acredito que serão mais difíceis pra convencer. Mas tudo dara certo. Um marido desse quem não queria ter ne? Se empenha em tudo pra fz a esposa feliz. Bjoss!

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    1. Ana pode sim não gostar, ou gostar e se emocionar, isso a gente vai descobrir. Será que com os avós maternos vai ser mais fácil? kkkk

      ps: queria um marido desse tbm

      bjs

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  11. Oh, às vezes o passado pode machucar... Mesmo isso sendo fofo da parte dele, ela é cabeça dura e pode não gostar. Vindo problemas? Hahahahahaha... Foi muito emocionante, sério! Espero que ela goste da surpresa do marido lindo que ela tem. Amo tanto essa fic e saber que ela está acabando, me dói ): Mas prevejo uma melhor vindo por aí! Hehehehe. Continua perfeita, você arrasa! :*

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    1. Pois é, ou pode render outras fortes emoções. Tem coisas que amolecem a gente né, não tem jeito kkkk O fim dessa trás muitas surpresas, por isso não quero ninguém triste kkkk

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  12. Aaaah meo deos <3 continua mulher! Tá lindo, boa sorte com os avós maternos Rafael ❤️

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  13. To relendo a fic , e olha o que achei no cap 95
    -Entendi. E você convidou muita gente pra festa?

    -Meus pais, meus sogros, minhas amigas e meu namorado.

    -E seus avós?

    -Não tenho. Morreram quando eu era criança. Na verdade minha avó materna eu nunca nem cheguei a ver, quando eu nasci ela tinha acabado de falecer.

    kkkkkkkkkk Você já tinha falado dos avós dela sim hahaha
    CONTINUAAA
    @SonhoComOLuanS

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    1. Nossaaaaa, eu nem lembrava disso. Obrigada por avisar gata, vou corrigir hahahah

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  14. Amei a ideia do Luan, só espero que a Ana não ache ruim ele mexer nessa história agora.
    Gii, fica assim não. É difícil mesmo não vê comentários, mas acaba fazendo parte, muitas passam por isso. Mas desanima não, tem leitoras que jamais vão te abandonar... Eu por exemplo demoro mas apareço. Eu quando não venho é por causa do tempo mesmo :/
    Continuaaa?

    beijoss

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Vamos ver como ela vai reagir né? Ana é difícil, tem personalidade forte nós sabemos, mas tem coisas que amolecem fácil nossos corações.
      Pois é Carola, você some mas sempre aparece. Dessa vez cês capricharam, comentaram muito!!

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